terça-feira, 24 de abril de 2018

25 de abril, SEMPRE, ALWAYS, IMMER, TOUJOURS, SIEMPRE, ...

"Era uma vez um menino de seu nome Portugal. Era um menino baixinho pouco mais do que magrinho que vivia à beira mar. Mandavam nesse menino homens de sisudo ar; o maior de todos eles tinha um nome: Salazar.

Era este o braço de outros que obrigavam o menino a não mais do que trabalhar. E que nem sequer lhe davam - "Estudar faz mal aos olhos!" - tempo de na escola andar. (...)

Mas Portugal ia olhando à sua volta e pensando: "Por que são livres as árvores, nuvens que cruzam o céu, peixes que cortam as águas e outros tantos que não eu?" (...)

Mas havia nessa terra estendida à beira mar, e onde todos tinham medo, muito medo de falar, mil ouvidos que ouviam, mil olhos que tudo viam, homens que todos temiam e que sem ninguém dar conta já pela noite levavam para uma prisão escura o menino Portugal. (...)

Falando com seus amigos e enfrentando muitos perigos fizeram greves, protestos, foram p'rà (sic) rua com gestos de homens e mulheres crescidos. Vieram guardas, polícias - não os que agarram ladrões e cuidam da segurança, mas outros que tudo viam, tudo ouviam, e prendiam quem não silenciasse a voz. E bateram e levaram, torturaram e mataram muitos dos que já diziam: "Vejam bem: não estamos sós!"

in ROMANCE do 25 de ABRIL de João Pedro Mésseder




Centro de Documentação 25 de Abril - Universidade de Coimbra



















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