sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Prémio Nobel da Literatura 2017

O Nobel da Literatura de 2017 foi atribuído a Kazuo Ishiguro e aos seus "romances de grande força emocional, que revelam o abismo da nossa ilusória sensação de conforto em relação ao mundo".






Nascido a 8 de novembro de 1954, o autor de 62 anos mudou-se aos cinco com a família do Japão para o Reino Unido, quando o pai foi aceite como investigador no National Institute of Oceanography, em Southampton. Foi educado numa escola de rapazes em Surrey, e após ter-se licenciado em 1978 com uma especialização em língua inglesa e filosofia na Universidade de Kent, na Cantuária, trabalhou como assistente social nos bairros mais pobres de Londres. Em 1980, obteve um mestrado em escrita criativa pela Universidade de East Anglia. Três anos depois, foi incluído na lista de melhores jovens escritores britânicos organizada pela Granta, a par de Martin Amis, Ian McEwan e Salman Rushdie.
O comité do Nobel adiantou no Twitter que Ishiguro tem mostrado uma certa propensão para temas relacionados com a memória, o tempo e as ilusões que alimentamos para suportar a vida. Após o anúncio, Sara Danius deu uma curta entrevista difundida em directo em que sublinhou o facto da Academia distinguir este ano "um escritor de grande integridade" e "um romancista absolutamente brilhante" que "desenvolveu um universo estético só seu". "Kazuo Ishiguro está muito interessado em compreender o passado. Não para o redimir, mas para revelar o que temos de esquecer para podermos sobreviver enquanto indivíduos e enquanto sociedade". A porta-voz do júri do Nobel disse também que o seu romance favorito do autor britânico é o recente "O Gigante Enterrado", "uma verdadeira obra-prima que começa como uma comédia de costumes de P.G. Wodehouse e acaba num registo kafkiano".
Num tom que já de si denuncia a fraqueza da Academia por uma obra cuja originalidade nasce de um batido de diversas influências, Danius indicou que além de Kafka, Jane Austen é outra das referências mais notórias na escrita de Ishiguro, acrescentando que para obter a receita completa desta será preciso ainda "acrescentar um pedacinho de Marcel Proust e depois agitar, mas não muito".
Em declarações à BBC, Ishiguro disse que recebia o prémio como "uma magnífica honra, acima de tudo porque significa que estou a seguir as pisadas dos maiores autores que já viveram". O escritor não deixou, no entanto, de acusar o peso da responsabilidade que lhe recai sobre os ombros, e afirmou que "o mundo vive um momento de grande incerteza e espero que todos os prémios Nobel possam ser uma força para que algo de positivo ocorra. Ficarei muito comovido se puder participar de algum modo este ano para uma atmosfera positiva num momento de tão grande inseguranças".
Retirado do Jornal I, em 6 de outubro de 2017

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