"Os livros são estações do ano, dos anos todos, desde o princípio do mundo e já do fim do mundo." - Valter Hugo Mãe
Valter Hugo Mãe, ilustre patrono da nossa Biblioteca, reflete sobre a importância destes locais, na edição de 15 de maio do Jornal de Letras. Faz uma referência particular à nossa Biblioteca com especial carinho e amizade (não esquecendo todas as outras bibliotecas e bibliotecários) "... na esperança de que nada nos convença de que a ignorância ou o fim da fantasia e do sonho são o melhor para todos nós e para os nossos."
A nossa (e dele) Biblioteca envia-lhe um abraço do tamanho do universo e retribui todo a carinho e amizade com que nos tem mimado.
As bibliotecas só
aparentemente são casas sossegadas. O sossego das bibliotecas é a ingenuidade
dos incautos. Porque elas são como festas ou batalhas contínuas e soam
trombetas a cada instante e há sempre quem discuta com fervor o futuro, quem
exija o futuro e seja destemido, merecedor da nossa confiança e da nossa fé. (...)
Ler mais em "As bibliotecas" por Valter Hugo Mãe.
A nossa (e dele) Biblioteca envia-lhe um abraço do tamanho do universo e retribui todo a carinho e amizade com que nos tem mimado.
As bibliotecas são como aeroportos. São
lugares de viagem. Entramos numa biblioteca como quem está a ponto de
partir. E nada é pequeno quando tem uma biblioteca. O mundo inteiro pode ser
convocado à força dos seus livros.
Todas as coisas do mundo podem ser chamadas a comparecer à força
das palavras, para existirem diante de nós como matéria da imaginação. As
bibliotecas são do tamanho do infinito e sabem toda a maravilha.
Os livros são família direta dos aviões,
dos tapetes-voadores ou dos pássaros. Os livros são da família das nuvens e,
como elas, sabem tornar-se invisíveis enquanto pairam, como se entrassem
para dentro do próprio ar, a ver o que existe dentro do ar que não se vê.
O leitor entra com o livro
para dentro do ar que não se vê.
Com um pequeno sopro, o leitor muda para o
outro lado do mundo ou para outro mundo, do avesso da realidade até ao avesso
do tempo. Fora de tudo, fora da biblioteca. As bibliotecas não se importam que
os leitores se sintam fora das bibliotecas.
Os livros são toupeiras, são minhocas,
eles são troncos caídos, maduros de uma longevidade inteira, os livros escutam
e falam ininterruptamente. São estações do ano, dos anos todos, desde o
princípio do mundo e já do fim do mundo. Os livros esticam e tapam furos na
cabeça. Eles sabem chover e fazer escuro, casam filhos e coram, choram, imaginam que mais
tarde voltam ao início, a serem como crianças. Os livros têm crianças ao
dependuro e giram como carrosséis para as ouvir rir. Os livros têm olhos para
todos os lados e bisbilhotam o cima e baixo, o esquerda e direita de cada coisa
ou coisa nenhuma. Nem pestanejam de tanta curiosidade. Querem ver e contar. Os
livros é que contam.
Ler mais em "As bibliotecas" por Valter Hugo Mãe.
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